Shein Planeja IPO com Valor de Mercado Equivalente à Soma de 12 Grifes Globais
Precificação estimada de US$ 66 bilhões levanta preocupações e enfrenta resistência de congressistas americanos devido a alegações de trabalho escravo.
A Shein, gigante varejista chinesa de moda, anunciou recentemente seu pedido confidencial de IPO em Wall Street, surpreendendo o mercado com uma precificação estimada que supera o valor de mercado combinado de várias empresas renomadas de moda global. Contudo, a iniciativa não está isenta de desafios, já que congressistas americanos expressaram preocupações sobre alegações de trabalho escravo, buscando a proibição do IPO. Este artigo explora os detalhes dessa movimentada situação.
Valuation Estratosférico:
A empresa, fundada há 11 anos, busca um valuation impressionante de US$ 66 bilhões, o que equivale à soma de gigantes do setor como Ralph Lauren, Gap, VF Corp, Gildan Activewear, Levis, PVH Corp, Abercrombie, Ermenezildo Zegna, Carters, Victoria’s Secret, Guess, e a concorrente americana Burlington. Esse valor, estimado em maio, já representa um aumento significativo após a plataforma levantar cerca de US$ 2 bilhões. No entanto, a Shein almeja arrecadar impressionantes US$ 90 bilhões na oferta inicial de ações, ultrapassando até mesmo a valorização da rede H&M, avaliada em US$ 27 bilhões.
Resistência e Alegações de Trabalho Escravo:
O pedido de IPO da Shein enfrenta resistência considerável, com congressistas americanos instando a Securities and Exchanges Commission (SEC) a proibir a operação. O motivo por trás dessa oposição são sérias alegações de trabalho escravo nas fábricas parceiras da Shein, particularmente na região chinesa de Xinjiang. Em maio, os congressistas enviaram uma carta à SEC pedindo uma investigação e sugerindo a proibição do IPO até que a empresa prove que não utiliza práticas desumanas em sua cadeia de produção.
Desafios e Conflitos:
As bolsas americanas não possuem um equivalente ao “Novo Mercado” brasileiro, que estabelece padrões rigorosos de governança corporativa. Enquanto a SEC não exige divulgação obrigatória de documentos relativos à listagem para empresas em IPO, a Shein enfrenta a pressão dos congressistas, que buscam garantir conformidade com os padrões éticos. A empresa protocolou o pedido de oferta em sigilo, aproveitando a janela antes da proibição imposta pelos congressistas.
Reações Internacionais e Boicotes:
Além das preocupações internas nos Estados Unidos, a Shein também enfrenta críticas internacionais. Grupos de direitos humanos acusam a empresa de usar trabalho forçado na região de Xinjiang, o que levou a retaliações por parte de marcas ocidentais e até mesmo boicotes. O comércio exterior da região, no entanto, apresenta números contraditórios, desafiando a eficácia das sanções impostas sobre a suposta violação dos direitos humanos.
O caminho para o IPO da Shein é marcado por desafios significativos, incluindo a resistência dos congressistas americanos e alegações de práticas anticompetitivas. Enquanto a empresa busca entrar nos mercados financeiros globais com um valuation impressionante, a atenção sobre suas práticas éticas e compromissos com os direitos humanos se intensifica, moldando o cenário para uma das ofertas públicas mais observadas do setor nos últimos tempos.