Queda nos Preços de Alimentos e Transportes Marca Primeira Deflação em 9 Meses no Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, apresentou a primeira deflação em nove meses, com uma queda de 0,08% em junho. Essa é a menor variação para o mês desde 2017, quando foi registrada uma deflação de 0,23%. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram uma desaceleração nos preços, com impacto significativo nos grupos de Alimentação e Bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%).

No grupo de Alimentação e Bebidas, os preços apresentaram redução, sendo os principais destaques:

• Óleo de soja: queda de 8,96%
• Frutas: queda de 3,38%
• Leite longa vida: queda de 2,68%
• Carnes: queda de 2,10%

No grupo de Transportes, os preços também registraram queda, com destaque para:

• Automóveis novos: queda de 2,76%
• Automóveis usados: queda de 0,93%
• Óleo diesel: queda de 6,68%
• Etanol: queda de 5,11%
• Gás veicular: queda de 2,77%
• Gasolina: queda de 1,14%

Esses grupos foram os principais contribuintes para a deflação no índice geral do IPCA. Além disso, é importante ressaltar que a queda nos preços de alimentos e transportes impacta diretamente a cesta de consumo das famílias, uma vez que representam cerca de 42% do IPCA.

A deflação em junho é um indicativo de que os preços médios estão diminuindo, sendo a primeira queda desde setembro de 2022. No acumulado de 12 meses até junho, a taxa de inflação foi de 3,16%, abaixo dos 3,94% registrados nos 12 meses anteriores. Essa taxa também está abaixo do centro da meta estabelecida pelo governo, que é de 3,25% para 2023, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

A queda nos preços de alimentos e bebidas foi influenciada pela redução nos custos de produção, como as commodities agrícolas, que impactaram diretamente itens como óleo de soja, frutas, leite e carnes. Já no grupo de Transportes, a queda nos preços foi impulsionada pela redução nos preços de automóveis e dos combustíveis, como óleo diesel, etanol, gás veicular e gasolina.

Essa deflação abre espaço para possíveis cortes de juros por parte do Banco Central, visando estimular a economia. A expectativa é de que o ciclo de flexibilização monetária possa ter início em agosto, mas há divergências entre os analistas em relação à intensidade desses cortes.

O resultado do IPCA em junho mostra um cenário de desaceleração da inflação, porém, é importante acompanhar os próximos meses para avaliar se essa tendência se mantém. A dinâmica dos preços está relacionada a diversos fatores, como a oferta e demanda por produtos e serviços, além de políticas governamentais e condições econômicas globais.