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Argentina e Brasil diante do Afastamento Diplomático com Milei

Análise de Especialista

A eleição de Javier Milei como presidente da Argentina, marcada para 10 de dezembro, não deverá afetar negativamente o comércio entre Argentina e Brasil, segundo a análise da especialista Marina Pera, analista de risco político da Control Risks. Embora Milei tenha expressado preferência por negociar com governos ideologicamente alinhados, Marina destaca que, mesmo como presidente, ele não terá poder para alterar completamente as relações comerciais, dada a dependência mútua entre os dois países.

A relação diplomática, no entanto, pode enfrentar desafios, similar ao ocorrido entre os presidentes Alberto Fernández e Jair Bolsonaro. Marina observa que, embora as relações políticas não tenham sido próximas, o comércio continuou normalmente. Milei, ao expressar que não buscará negócios com “países comunistas”, referindo-se à China e ao Brasil, pode causar distanciamento diplomático, mas a dependência comercial persistirá.

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Desafios de Governabilidade e Perspectivas Políticas

Marina Pera prevê que Milei enfrentará desafios significativos de governabilidade. Seu partido, A Liberdade Avança, possui menos de um terço do Congresso, e o novo presidente não conta com o apoio de grupos de poder tradicionais, como sindicatos. A coalizão de centro-direita Juntos por El Cambio também está dividida, o que exigirá negociações frequentes no Congresso para aprovar sua agenda.

Apesar de detalhes sobre o apoio formal de Mauricio Macri à campanha de Milei ainda não serem conhecidos, Marina sugere que esse apoio pode ajudar nas negociações com o Congresso. A relação entre os dois pode continuar, mas abraçar o “establishment” após uma campanha “antiestablishment” pode gerar críticas entre os eleitores.

Emergência da Direita na Argentina

A analista destaca que Milei representa a emergência de uma direita radical na Argentina. Apesar de sua autodenominação como libertário e “anarcocapitalista”, ele está mais à direita no espectro político e propõe mudanças disruptivas. A entrada de Milei na política levou à formação do partido La Libertad Avança, e Marina observa uma tendência na América Latina de candidatos “antiestablishment” ganharem momentum.

A ascensão de Milei pode rearticular as forças da direita na Argentina, com a formação de um novo partido. Negociações com facções de partidos de direita podem ocorrer, mas o Congresso pode modificar propostas radicais. A analista enfatiza que o movimento democrático de discussões no Congresso moldará o destino de reformas propostas por Milei, incluindo tributárias, trabalhistas e privatizações.

Conclusão

O cenário político na Argentina, com a eleição de Milei, traz desafios e incertezas. O afastamento diplomático pode ocorrer, mas as relações comerciais devem persistir. A capacidade de Milei implementar suas propostas dependerá de negociações no Congresso, e a manutenção de relações com Macri pode influenciar esse processo. A emergência da direita na Argentina redefine o panorama político, trazendo questões fundamentais para o futuro do país.

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