Lula Afirma que Transição Ecológica não Pode Impedir Industrialização de Países em Desenvolvimento
Presidente brasileiro alerta sobre a transferência de custos da transição ecológica para o Sul-global e defende a necessidade de uma abordagem justa e inclusiva na COP28 em Dubai.
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) em Dubai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a preocupação com a transferência de custos da transição ecológica para os países em desenvolvimento. Segundo ele, a industrialização dessas nações não pode ser comprometida, e a transição deve permitir a diversificação das bases produtivas, avançando na industrialização e não relegando os países a meros exportadores de commodities.
Desafios da Transição Ecológica:
Lula alertou para a dualidade enfrentada pelo Sul-global, que, além de ser mais impactado pelas mudanças climáticas, também está suportando os custos da transição ecológica. Ele argumentou que uma transição justa deve permitir a transformação e diversificação das bases produtivas, impedindo um novo ciclo de exploração predatória de recursos naturais.
Comprometimento Financeiro:
O presidente comemorou o início da operação do fundo de perdas e danos do clima, que recebeu mais de US$ 400 milhões de nações ricas. Ele enfatizou a importância de uma justiça climática, onde os maiores contribuidores para o aquecimento global assumem sua responsabilidade. Além disso, Lula defendeu fluxos contínuos de recursos para países de baixa e média renda resolverem problemas de endividamento, destacando a necessidade de US$ 4 trilhões a US$ 6 trilhões anuais para implementar planos de adaptação e contribuições determinadas nacionalmente.
Reforma em Instituições Financeiras:
Lula propôs uma reforma no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI), argumentando que falta representatividade, e criticou a lógica excludente dessas instituições. Ele apontou a necessidade de uma distribuição mais equitativa de assentos e participação.
Apelos pela Paz Mundial:
O presidente brasileiro fez um apelo pela paz mundial, destacando conflitos como os entre Rússia e Ucrânia e Israel e Palestina. Ele reiterou a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da ONU para evitar a prevalência da irresponsabilidade sobre a sensatez.
IA e Diretrizes Globais:
Lula abordou a questão da inteligência artificial, alertando sobre a imposição de modelos gerados exclusivamente com base na experiência dos países do Norte. Ele destacou a importância de diretrizes claras e coletivamente acordadas para evitar uma divisão entre responsáveis e responsáveis, similar às discussões sobre desarmamento e não proliferação.
O discurso de Lula na COP28 enfatiza a necessidade de uma abordagem justa e equitativa na transição ecológica, assegurando o desenvolvimento industrial dos países em desenvolvimento e evitando a perpetuação de desigualdades globais.