Os investidores estão constantemente buscando as melhores opções para aplicar seu dinheiro, considerando diversos fatores, incluindo risco e retorno. Recentemente, um levantamento realizado pela Quantum Finance trouxe à tona informações interessantes sobre os fundos de crédito privado, destacando seu desempenho em comparação com os fundos DI, especialmente em diferentes janelas de tempo.
Desempenho dos Fundos de Crédito Privado
O estudo da Quantum Finance analisou o retorno de fundos de crédito privado em períodos de seis, 12, 18 e 24 meses. Surpreendentemente, os fundos que investem em dívidas emitidas por empresas superaram os fundos DI, que normalmente estão atrelados a indexadores como CDI ou Selic, em termos de rentabilidade.
Na janela de 24 meses, a diferença entre essas duas modalidades de renda fixa foi menor em comparação com os outros períodos. Enquanto os fundos DI apresentaram um retorno de 6,49%, os fundos de crédito privado entregaram aos investidores um retorno de 7,56%, destacando a atratividade dessa opção.
No entanto, a analista de renda fixa da Nord Research, Marília Fontes, expressou sua visão de que a pequena diferença entre as rentabilidades não justifica o risco associado ao crédito privado. Ela ressalta que o fundo DI, especialmente aqueles sem exposição ao crédito privado, é considerado um emissor mais seguro na economia.
Riscos do Crédito Privado
Marília Fontes destaca que, nos últimos 12 meses, o crédito privado apresentou um desempenho positivo, mas, em um período de 18 meses, surgiu uma crise de crédito de empresas, afetando fundos que mantinham exposição em empresas como Americanas e Light. Essas empresas entraram em recuperação judicial, resultando em quedas significativas nos títulos e ações.
A analista enfatiza que a incerteza em relação ao crédito privado pode não justificar a pequena diferença de rentabilidade em comparação com os fundos DI. Com o aumento dos pedidos de resgate e a menor confiança dos investidores nas empresas brasileiras, o crédito privado pode ser visto como uma opção mais arriscada.
Perspectivas com a Queda Esperada da Selic
Os investidores em renda fixa também estão atentos à esperada queda da taxa básica de juros, a Selic. A ata do Copom manteve a perspectiva de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões, visando manter uma política monetária contracionista.
Analistas da Órama projetam que a Selic chegue a 11,75% ao ano até o final de 2023. Diante desse cenário, a dúvida surge: a renda fixa ainda é atrativa?
Recomendações dos Analistas
Marília Fontes sugere que, com a queda dos juros no Brasil, pode haver ganhos de marcação a mercado ao investir em títulos públicos. O Santander compartilha essa visão, ressaltando a possibilidade de um menor prêmio de risco para os títulos públicos reais.
No entanto, a XP destaca que, mesmo com a queda da Selic, ativos pós-fixados, como o Tesouro Selic, continuam sendo uma opção atraente para a reserva de emergência e gestão de caixa. Além disso, os títulos prefixados são recomendados para quem busca previsibilidade, especialmente em um cenário de expectativa de baixa de juros.
Para uma maior diversificação, os analistas da XP também recomendam uma parcela de ativos atrelados à inflação, considerando a expectativa de aumento nos índices de preços. Essa diversificação é vista como uma proteção contra os efeitos da inflação ao longo do tempo.
Em resumo, embora os fundos de crédito privado tenham apresentado retornos ligeiramente superiores em alguns períodos, os investidores devem ponderar cuidadosamente os riscos associados a essas opções, especialmente diante das incertezas do mercado e das mudanças nas condições econômicas. Além disso, a queda esperada da Selic destaca a importância de considerar diferentes ativos na construção de uma carteira de investimentos.